sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Documentário realizado há 40 anos estreia este sábado

Alguém viu? Creio que terá passado em Serralves Sábado último...

in http://sic.aeiou.pt/online/noticias/cartaz/Documentario+realizado+ha+40+anos+estreia+este+sabado.htm
"Publicação: 31-10-2008 12:05

Manoel Oliveira em Serralves
Documentário realizado há 40 anos estreia este sábado"


"Quando Clemente Meneres chegou a Trás-os-Montes, dizia-se por terras do Romeu, Mirandela, que andava por ali um louco a comprar pedras e fragas. A história inspirou um documentaário de Manoel Oliveira que estreia este sábado em Serralves
Lusa

Mas onde todos viam apenas terras incultas, este homem da Vila da Feira fez nascer uma sociedade agrícola familiar, que prospera há quatro gerações e que mudou a vida de três aldeias transmontanas, umas delas retratada por Manoel de Oliveira no filme que estreia sábado em Serralves, depois de 40 anos guardado. O nome Meneres é para as gentes do Romeu, Vila Verdinho e Vale de Coiço sinónimo de progresso, que transformou estas pequenas localidades em "aldeias melhoradas" e foi agregando milhares de hectares de terras que se estendem por oito dos 12 concelhos do Distrito de Bragança. "Ainda me lembro bem da festa", disse à Lusa Fernando Aurélio, hoje com 69 anos, um jovem quando o então presidente da República, Américo Tomas, inaugurou, em 1964, as obras de melhoramento. As cozinhas tisnadas pelo fumo ganharam chaminés e a alvura da cal, as paredes foram rebocadas e pintadas, os compartimentos vazios ganharam mobílias e até roupa de cama foi distribuída à população. Ao todo foram melhoradas 138 casas, numa empreitada que incluiu calcetamento de ruas, estradas, uma ponte e captações de água. O autor destas obras já foi o filho de Clemente, Manoel Meneres, depois de o pai ter iniciado as benfeitorias com a escola primária ou a casa do povo com farmácia, teatro, biblioteca e médico. O bisavó foi o pioneiro e o avô o obreiro, como diz João Pedro Meneres, continuador e actual gestor da sociedade Clemente Meneres e Filhos, fundada há 106 anos. O pacto social foi pensado para esta sociedade nunca saia da família. Só os descendentes directos é que podem ser sócios e trabalham exclusivamente com capitais próprios, sem recurso a crédito. A sociedade emprega 40 pessoas permanentemente, mais os postos de trabalho sazonais para a apanha da azeitona, vindima e cortiça, a tríade de culturas que se estende do Azibo, em Macedo de Cavaleiros, até ao Douro, em Carrazeda de Ansiães. A cortiça segue para o mercado da rolha e o vinho e o azeite são marcas desta sociedade exportados com o nome "Romeu" para vários países. São também atractivos no restaurante que há décadas está na família e ajudou a sustentar algumas das obras sociais como a creche e o infantário que construíram na aldeia. O restaurante era a estalagem da senhora Maria Rita, a única que existia na altura e onde Clemente Meneres chegou numa tarde de Maio de 1874 e mandou servir o bacalhau que ainda hoje faz a fama deste estabelecimento, que mantém o nome da primeira dona. O edifício foi recuperado mantendo a traça original como toda a envolvente da aldeia em que sobressaem os granitos das construções numa zona que já viveu das pedreiras. "O seu avô era um homem 'daqueles homens'" diz Augusto César a João Pedro, ele que o conheceu dos muitos anos em que foi feitor na casa Meneres. Os melhoramentos nas aldeias foram feitos do bolso de Manoel Meneres e quando o dinheiro começava a escassear aproveitava as visitas de Lisboa para conseguir algum apoio. As empreitadas eram feitas apenas com esboços feitos por Manoel Meneres e executados pelo carpinteiro "Zé Silva". "Ás vezes saía melhor que a encomenda", conta João Pedro Meneres, apontando para os esboços que estão expostos no Museu das Curiosidades da família, onde é possível encontrar relíquias os primeiros Ford que Clemente Meneres começou a importar para Portugal, as charretes que calcorrearam a quinta ou as albardas para senhoras. Dos muitos países para onde viajou nos negócios de importação e exportação dos mais variados produtos ficaram também recordações a juntar a raridades como uma máquina de música com quase 150 anos, uma piano com uma opera de Verdi em cartões ou as máquinas de projecção de cinema que passaram as últimas fitas na casa do povo do Romeu. "

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